"Tenho plena consciência de que minha interpretação de Platão é uma interpretação. Ela representa, no entanto, o Platão que, depois de repetidas leituras e de uma tentativa cuidadosa de lidar com os documentos do caso, capturou minha imaginação: o filho de Apolo e não o fundador da Academia, o artista e não o metafísico.

Tenho uma suspeita muito forte de que o Platão dos filósofos é mais um produto de uma tradição tendenciosa do que da cultura ateniense, mas não posso provar isso nem tentaria prová-lo. No entanto, posso dizer que me parece haver evidências consideráveis de que os autores de comentários e epítomes transformaram as referências aristotélicas a Platão, que eram ilustrativas, em uma definição do empreendimento platônico, ligando assim Platão e Aristóteles como se fossem homens que possuíam o mesmo objetivo básico, mas que eram rivais na execução desse objetivo.

Os escritos platônicos, no entanto, não refletem, nem mesmo como um todo, o mesmo público, o mesmo temperamento e curiosidade intelectual ou a mesma ascendência que os escritos de Aristóteles. ".